Terapia infantil: como funciona e qual a importância?

Pessoas de todas as idades podem fazer psicoterapia. As crianças, assim como indivíduos de outras faixas etárias, possuem necessidades emocionais e dificuldades as quais não conseguem superar sem ajuda, para isso existe a terapia infantil.

Por isso, quando verificarem a existência dessa necessidade nos filhos, os pais podem levá-los à terapia. O atendimento psicoterapêutico de crianças é diferente do designado para os adultos. No post de hoje, abordamos tudo sobre a terapia infantil e suas características.

O que é terapia infantil?

A terapia voltada para crianças difere da terapia voltada para os adultos. Por isso, a terapia infantil é um tipo de atendimento psicoterapêutico que leva em consideração as necessidades emocionais e psíquicas das crianças.

Os primeiros anos de vida de uma pessoa têm exclusivamente como foco o seu desenvolvimento. A cada nova etapa do desenvolvimento, as crianças ganham consciência do seu “eu”, de como funciona o seu corpo, de suas relações sociais (principalmente com os pais ou cuidadores) e de suas emoções.

Sendo assim, não podemos esperar que as crianças tenham a mesma compreensão dos acontecimentos e de como estão se sentindo que a de um adulto.

Então, as crianças comumente não sabem discernir o que estão sentindo nem expressar os seus sentimentos, receios e desejos. Gerenciá-los também é uma tarefa complicada para elas. Por isso, elas choram, esperneiam, gritam, gargalham e têm outras reações típicas dos pequenos.

A abordagem psicológica para as crianças, então, se faz útil para os pais compreenderem as aflições dos filhos e para ajudar os pequenos a tratarem desconfortos emocionais que ainda não possuem capacidade de tratar sozinhos.

Pilares da terapia infantil

Melanie Klein (1882 – 1960), psicanalista austríaca, desenvolveu as primeiras teorias da ludoterapia e deu início ao tratamento de crianças a partir de dois anos em seu consultório. A sua experiência com a psicoterapia clínica permitiu que aperfeiçoasse as suas primeiras descobertas e métodos de atendimento às crianças. Entre as características da terapia infantil definidas por ela estão:

• Posição depressiva: Klein defendia que as crianças passam por um período de depressão na metade do primeiro ano de vida provocado pela realização da existência de sentimentos negativos;
• Posição paranóide-esquizóide: a criança também passa por um período de ansiedade desencadeado por experiências de frustração e fome, pelo trauma do nascimento e pelo instinto de morte interior;
• Reparação: parte complementar da posição depressiva, fundamentada no amor e respeito pelo outro e pelo enfrentamento de perdas para chegar à restauração;
• Fantasias inconscientes: fantasias interagem reciprocamente com a experiência da realidade para formar características intelectuais e emocionais, como pensamento, sonhos e mecanismos de defesa.

Como funciona a terapia infantil?

A ludoterapia é a abordagem seguida pelos psicólogos infantis. Para atuarem nesta área, os profissionais formados em psicologia precisam fazer uma especialização. A partir de então, se tornam habilitados a utilizar técnicas e métodos lúdicos para ajudar a criança em uma série de campos do seu desenvolvimento.

A principal linguagem dos pequenos é o brincar. Através da brincadeira, eles expressam os seus sentimentos, pensamentos, impressões sobre acontecimentos, medos e vontades. É comum, por exemplo, a criança replicar cenas vistas em casa em brincadeiras com bonecos ou desenhos.

Por conta disso, o lúdico é o centro da ludoterapia. O psicólogo apresenta diversos jogos e atividades criativas para a criança durante a terapia. Enquanto ela brinca, ele consegue ter um vislumbre do seu mundo interior e chegar a conclusões pertinentes sobre a sua personalidade e angústias.

O ato de reproduzir situações típicas da escola ou da casa em brincadeiras também ajuda a criança a lidar com emoções negativas despertadas por elas e acalmar os seus conflitos internos. É como se criassem o cenário ideal para responderem ao estresse criado pela situação. 

Ao longo da psicoterapia, o psicólogo infantil explana aos pais da criança as suas descobertas. Desta forma, eles podem tomar as atitudes necessárias para ajudar o filho. Isso inclui mudanças no modo de tratar a criança, inclusão de atividades familiares na sua rotina, alteração de hábitos nocivos por hábitos saudáveis, entre outros.

Quais os benefícios da terapia infantil?

A psicoterapia infantil traz muitos benefícios para as crianças. Além de conseguirem se expressar em um ambiente seguro e acolhedor, têm a oportunidade de desenvolver as suas competências socioemocionais, como comunicação, criatividade, empatia, capacidade de concentração, controle emocional, cooperação, entre outros.

Brincadeiras que promovem a competição ensinam as crianças a gerenciar a sua frustação, principalmente mediante a alimentação de expectativas. Já atividades criativas estimulam a comunicação e livre expressão através do desenho, pintura e encenação dramática.

Os benefícios da ludoterapia também se estendem à vida escolar.

Crianças em idade escolar podem ter dificuldade para fazer cálculos, escrever, realizar leituras, memorizar, prestar atenção nas aulas, socializar com os coleguinhas de turma, entre outros. Na terapia infantil, os problemas de aprendizagem da criança são tratados e as habilidades que antes estavam comprometidas são desenvolvidas.

Psicólogos infantis podem fazer uma série de especializações nesta área, como a psicopedagogia e a psicomotricidade, como também em outras condições que influenciam a relação da criança com os estudos, como o transtorno do espectro autista (TEA).

A terapia infantil pode, ainda, melhorar o relacionamento das crianças com os pais, irmãos e outros familiares. Como consegue identificar fragilidades no comportamento dos pequenos e avaliar a dinâmica familiar, o psicólogo tem expertise e conhecimento para orientar os pais e, assim, ajudar a melhorar a convivência familiar.

Quando procurar a terapia infantil?

Pais podem levar os seus filhos à terapia infantil a partir dos dois anos de idade.

É normal crianças pequenas mudarem drasticamente de comportamento ao longo do seu desenvolvimento, por isso, pode haver confusão sobre o que é patológico e o que não é. Em caso de dúvida, é sempre bom consultar o psicólogo para descartar a existência de condições de saúde mental.

A psicoterapia infantil pode ser procurada nas seguintes ocasiões:

• Morte de parente da família;
• Problemas na aprendizagem;
• Dificuldade de socialização;
• Ansiedade extrema quando é preciso ficar longe dos pais;
• Gritar, chorar, espernear e ter outras reações intensas ou agressivas com o tempo;
• Crises de choro frequentes;
• Isolamento prolongado no cômodo;
• Dificuldades na fala;
• Divórcio;
• Segundo casamento dos pais;
• Adoção de uma criança na família;
• Destruição de objetos, brinquedos, roupas e materiais escolares;
• Alteração nos hábitos alimentares; e
• Pesadelos, terrores noturno e medo irracional e frequente.

Em síntese, os pais podem procurar um psicólogo infantil em qualquer situação que perceberem comportamentos atípicos nos filhos ou após eventos traumáticos ou estressantes para os pequenos.

Como escolher um psicólogo infantil?

O psicólogo infantil é o profissional graduado em psicologia com especialização em ludoterapia e outras formações voltadas para o atendimento psicoterapêutico de crianças. Sempre que uma pessoa interessada em terapia quer encontrar um profissional para iniciar um atendimento, pode se atentar aos seguintes fatores:

• Disponibilidade de horários e dias do profissional;
• Especializações pertinentes para o caso;
• Modalidade de atendimento (terapia presencial ou online);
• Localização do consultório do psicólogo;
• Forma de pagamento; e
• Experiência na área desejada.

Para conseguir todas essas informações, os pais podem questionar o psicólogo antes de marcar a primeira consulta ou durante a primeira consulta. Nesta ocasião, também é importante discorrer sobre as preocupações com a criança e o objetivo que se deseja alcançar com o atendimento psicoterapêutico.

A duração do tratamento será definida pelo psicólogo após a primeira consulta com o paciente, dado que é necessário fazer uma avaliação do quadro clínico da criança.

Qual é a importância dos pais na terapia infantil?

A presença dos pais é fundamental para o sucesso da psicoterapia infantil. Como a família é o principal pilar emocional, psicológico e social das crianças, os pais e familiares que convivem diariamente com elas devem acompanhar o progresso do tratamento psicoterapêutico.

A participação dos pais na terapia infantil acontece através de sessões com o psicólogo. A primeira consulta tende a ser com os pais ou cuidadores para que o profissional obtenha informações sobre o comportamento da criança, como foram os seus primeiros dias de vida, como foi o período de gestação, como é a dinâmica familiar em que está inserida, entre outros.

Durante o tratamento, os pais são chamados ao consultório para que o psicólogo faça a devolutiva das sessões e trace novos caminhos, se necessário.

Além disso, é papel dos pais compreender quais são as necessidades emocionais das crianças e fazer as devidas mudanças na dinâmica familiar para satisfazê-las, garantindo um desenvolvimento saudável. Ter empatia e compreender que a criança não tem o mesmo alcance emocional de um adulto para entender a realidade como ela é são igualmente indispensáveis neste processo.

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